O transplante de órgãos é o tratamento definitivo para um grande número de doenças que não respondem à terapia anterior. No entanto, a escassez de dadores é um enorme problema de saúde pública reconhecido mundialmente.
Investigadores do Centro de Investigação Médica Cima e da Clínica Universitária de Navarra implementaram uma tecnologia que permite o desenvolvimento do coração e do sistema vascular em modelos de ratos domésticos. Esses resultados representam avanços no desenvolvimento de órgãos compatíveis com o ser humano.
“A geração de órgãos humanizados em animais de criação, como porcos, a partir de células estaminais pluripotentes é uma abordagem promissora para cobrir a necessidade clínica de dadores. Mas para obter um órgão que não provoque rejeição após o transplante é preciso conseguir a reposição tanto das células do próprio órgão quanto do seu sistema vascular”, explicam Dras. Giulia Coppiello e Paula Barlabé, investigadoras do Programa de Engenharia Biomédica do Cima e primeiros autores do estudo.
Incubadora experimental
“Neste trabalho de medicina regenerativa utilizámos embriões de ratos incapazes de desenvolver os seus sistemas cardíacos e vasculares, nos quais introduzimos células estaminais desta espécie de animal. Ao nascer, obtivemos quimeras (organismos que resultam da união de células geneticamente diferentes) com coração e sistema vascular derivados de célula estaminais. O nosso estudo mostra que podemos gerar completamente esses órgãos a partir de células estaminais pluripotentes, utilizando o rato doméstico como incubadora ”, afirma o Dr. Xabier Aranguren, investigador principal do Programa de Engenharia Biomédica do Cima e diretor do estudo.
Por outro lado, os cientistas replicaram o estudo experimental em ratos domésticos utilizando células estaminais de ratazana e demonstraram que um coração pode ser gerado com células estaminais de uma espécie diferente da do embrião.
Estes resultados, publicados na revista científica Developmental Cell, apresentam avanços no sentido de uma possível solução para a escassez de órgãos para transplantes, sendo que reduziriam as listas de espera dos pacientes. “A longo prazo, esta tecnologia poderá ser utilizada para gerar corações humanos em animais como porcos, que poderão ser utilizados para transplantes ou como modelos de doenças humanas. Para isso, a investigação tem um longo caminho a percorrer para resolver possíveis incompatibilidades entre espécies”, concluem os cientistas do Cima.
O trabalho foi financiado pelo Ministério da Ciência e Inovação e pelo Governo de Navarra, através do Projeto Estratégico Bioheart.
Fonte: https://cima.cun.es/actualidad/noticias/cima-desarrollo-organos-sistema-vascular-celulas-madre