No âmbito do Dia Mundial Leucemia Mieloide Crónica, assinalado a 22 de setembro, a BebéVida destaca o facto de as células estaminais do cordão umbilical estarem a revelar-se promissoras no tratamento da Leucemia Mieloide Crónica (LMC), de acordo com dados recentes, podendo vir a constituir-se como uma terapêutica alternativa a tratamentos como a quimioterapia. A LMC é uma doença maligna do sangue considerada rara, apresentando uma prevalência de 100 a 150 novos casos por ano em Portugal.
De acordo com um estudo publicado este ano na revista Cell Death & Disease, verificou-se que as células estaminais mesenquimais do tecido do cordão umbilical apresentam efeitos no processo de diferenciação correta dos glóbulos brancos, promovendo eficientemente, a diferenciação de linhagem megacariocítica de células LMC.
“Estes resultados são da maior importância porque podem representar um novo paradigma no tratamento e recuperação da doença, sem recorrer á quimioterapia”, refere Andreia Gomes, Diretora Técnica e de Investigação e Desenvolvimento (I&D) da BebéVida. “Trata-se de um potencial regime de tratamento anti-LMC que usa a como coadjuvante as células estaminais mesenquimais do tecido do cordão umbilical para superar o bloqueio da diferenciação na LMC e assim, restabelecer a homeostasia, ou seja, o estado de estabilidade do organismo. Contudo, ainda serão necessários mais estudos e ensaios para que este possível tratamento se consiga materializar”, esclarece a investigadora.
Apesar de ter uma designação associada a um estigma de gravidade, atualmente a LMC é controlada com a utilização de fármacos que interrompem o crescimento das células cancerígenas, destruindo-as ou impedindo a sua proliferação. Um tipo de terapia coadjuvante é o transplante de células estaminais, que consiste num procedimento em que as células estaminais subsituem as células que foram destruídas pelo tratamento oncológico. Após esta terapêutica, o transplante autólogo (utilizando as suas próprias células estaminais que foram recolhidas e guardadas antes do tratamento) e alogénico (utilizando células estaminais doadas) são fundamentais para a melhoria e recuperação dos doentes, uma vez que ajudam na recuperação celular da medula óssea.
Andreia Gomes explica que “em detrimento de um desperdício biológico, o cordão umbilical, que é rico em células estaminais hematopoéticas e mesenquimais, pode ser aproveitado para atacar e ajudar a tratar esta patologia em frentes diferentes”. Por um lado, “pode ser utilizado no transplante de células, permitindo o restauro completo da medula óssea”, e por outro, “pode vir a ser uma alternativa de tratamento da LMC uma vez que pode promover a diferenciação correta da linhagem de células alterada”. É neste sentido que a especialista considera fundamental guardar o material biológico fornecido pelo cordão umbilical.
Considerada uma doença rara do sangue, a LMC representa cerca de 15% do total de todas as leucemias e apresenta uma prevalência de cerca de 1-1,5 novos casos por ano por 100 mil habitantes. É mais frequentemente diagnosticada acima dos 65 anos de idade e é raro surgir em crianças. Os principais sintomas estão associados a alterações orgânicas que a LMC produz no organismo, tais como cansaço (devido a anemia), dor abdominal, enfartamento (devido a baço aumentado), febre e perda de apetite e/ou emagrecimento. As análises sanguíneas são uma forma de rastreio da doença que, muitas vezes, é detetada de forma acidental.
A LMC é uma doença caraterizada pela acumulação de glóbulos brancos malignos e imaturos, disseminando-se para o sangue periférico e outros tecidos/órgãos. Esta doença hemato-oncológica é caracterizada por uma desregulação da medula óssea (onde o sangue é produzido) que se traduz numa proliferação desmedida dos progenitores dos glóbulos brancos levando a um menor espaço para os glóbulos brancos saudáveis, os glóbulos vermelhos e as plaquetas saudáveis, prejudicando o combate eficaz de infeções.