O Hospital Puerta de Hierro, em Madrid, iniciou o tratamento de pacientes com terapia celular denominada NC1. Esta terapia experimental, pioneira na Europa, está indicada para tratamento de lesões medulares crónicas e clinicamente incompletas da espinal medula decorrentes de lesões vertebrais dorsais e/ou lombares de origem traumática. Este medicamento, desenvolvido inteiramente neste hospital, é o primeiro medicamento de terapia avançada de fabrico não industrial autorizado pela Agência Espanhola de Medicamentos e Produtos de Saúde (AEMPS) para uso hospitalar.
O tratamento consiste na extração das células estaminais mesenquimais do próprio paciente, que são posteriormente tratadas em laboratório – em condições GMP – para produzir um medicamento personalizado. Subsequentemente, são injetadas duas doses deste medicamento no líquido cefalorraquidiano ou no local da lesão, com três meses de intervalo.
“É um grande avanço, sobretudo porque corrobora as bases dos estudos anteriores: ou seja, esses pacientes, se um dia conseguirem não ser cateterizados, se conseguirem ter alguma sensibilidade e até alguma mobilidade mesmo que limitada será uma enorme conquista.”, explica o Doutor Gregorio Rodríguez-Boto, chefe da neurocirurgia do hospital Puerta de Hierro. “É um medicamento seguro pois não observámos quaisquer complicações ou efeitos secundários e isto dá-nos muita paz de espírito”, diz Rodríguez-Boto. “Mais tarde veremos se existe benefício para os pacientes pois pode dar indicações para tratamento de lesões cervicais e lesões completas da espinal medula”, acrescenta.
A administração da NC1 iniciou-se em Junho de 2021 em 17 pacientes – nove de Madrid e os restantes de outras comunidades autónomas – que já receberam a primeira dose, 12 dos quais já receberam o regime completo. Para o primeiro ano foi autorizada a inclusão de 40 pacientes no estudo, mas o objetivo é estender a 80 pacientes por ano quando os primeiros resultados forem analisados e avaliados em Junho de 2023.