Cientistas japoneses descobriram que o meio condicionado (MC) de culturas de células estaminais mesenquimais pode ser utilizado como terapia regenerativa em animais que necessitam de hepatectomia como consequência de esteatose hepática induzida por dieta. Encapsulado num hidrogel que permite libertação controlada, e inserido no espaço intramesentérico, o MC acelerou a reconstituição do fígado, num efeito associado ao aumento da expressão do antigénio PCNA, conhecido marcador de entrada no ciclo celular, e gerando hepatócitos de tamanho maior. No remanescente hepático, o tratamento induziu profundas alterações transcriptómicas, com modificações na expressão de mais de 500 genes.
Takumi Teratani, investigador da Jichi Medical University e diretor do estudo, afirma que entre esses transcritos de RNA foi detectada uma diminuição nos níveis de Mir770, cuja alta expressão foi associada à apoptose, ou morte celular programada, por estudos anteriores. Também neste remanescente hepático, o MC reduziu o conteúdo de triglicerídeos e melhorou o balanço energético, com aumentos significativos nos níveis de ATP e beta-hidroxibutirato.
O cientista prossegue indicando que a disfunção metabólica associada à esteatose hepática é a causa de até 45% dos casos de doença crónica neste órgão, com tendência crescente, dado o aumento progressivo da obesidade a nível global. Embora o transplante de células estaminais tenha eficácia limitada, os fatores parácrinos solúveis contidos no MC podem oferecer um tratamento alternativo, como atestam os resultados atuais. Além disso, esta abordagem é mais segura, pois reduz os riscos derivados da potencial incompatibilidade imunológica e carcinogenicidade das células estaminais, conclui Teratani.