Uma equipa de cientistas do Conselho Superior de Pesquisas Científicas (CSIC) fez uma descoberta fundamental na compreensão de como o envelhecimento afeta as células estaminais, o que pode ter implicações significativas no tratamento de doenças relacionadas à idade e na regeneração de tecidos.
O Conselho Superior de Pesquisas Científicas (CSIC) detalhou num comunicado de imprensa o trabalho, publicado na revista ‘Nature Communications‘, que usa o ovário da mosca da fruta (Drosophila melanogaster) como modelo experimental, oferecendo novas perspetivas sobre os mecanismos moleculares subjacentes ao envelhecimento celular.
A investigação concentra-se em perceber como o pool de células estaminais, que são fundamentais para a renovação e reparação de tecidos nos organismos, são alterados ao longo dos anos. Através de uma análise abrangente da expressão génica e da maturação do RNA mensageiro, os cientistas identificaram mudanças importantes nas células que compõem o pool de células estaminais. Essas mudanças afetam principalmente três tipos de células de suporte, cujas funções são essenciais para a manutenção destas células.
Os resultados dos perfis moleculares dessas células de suporte variam com a idade, sugerindo que o envelhecimento não só afeta diretamente as células estaminais, mas também o seu ambiente. Essas mudanças estão relacionadas a processos críticos, como a adesão celular, a estrutura do citoesqueleto e as vias de sinalização neuronal, que são fundamentais para o bom funcionamento do pool de células estaminais. O surpreendente é que, embora todas essas células compartilhem uma origem comum, o seu envelhecimento ocorre de forma diferenciada, o que provoca assinaturas moleculares únicas para cada tipo de célula.
Um dos dados mais relevantes deste estudo é a identificação de um gene, o Smu1, cuja maturação do RNA muda com a idade. Esta descoberta sugere que o envelhecimento não apenas altera a expressão de genes específicos, mas também altera a forma como esses genes são processados em nível molecular, o que pode ter consequências profundas na função das células estaminais.
Além disso, os investigadores destacaram a importância desses resultados no contexto da regeneração celular. As células estaminais têm a capacidade de se variar e se diferenciar em diferentes tipos de células, o que lhes dá um papel crucial na reparação de tecidos danificados. No entanto, com a idade, esse processo é comprometido, o que pode contribuir para a deterioração generalizada dos tecidos e órgãos em organismos envelhecidos.
Esta descoberta abre caminho para a pesquisa em medicina regenerativa, pois ao entender melhor como o envelhecimento afeta a função das células estaminais, pode também desenvolver-se terapias mais eficazes para doenças degenerativas e condições associadas ao envelhecimento, como osteoporose, artrite e distúrbios cardiovasculares.
O estudo, liderado pelo CSIC, traz uma nova compreensão sobre os mecanismos subjacentes ao envelhecimento celular, especialmente nas células estaminais. À medida que a população mundial envelhece, esta pesquisa pode ter um impacto crucial no desenvolvimento de tratamentos que melhorem a qualidade de vida e prolonguem a saúde dos idosos.
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