Um estudo recente explora o potencial do tratamento com células estaminais mesenquimais derivadas do sangue do cordão umbilical em pacientes com cirrose hepática descompensada. Apesar das várias pesquisas já realizadas sobre este tema, existe uma enorme necessidade de encontrar novas opções de tratamento para esta doença e por isso, foi analisada esta mesma hipótese em estudo.
Nos últimos anos, estudos clínicos demonstram que as células estaminais têm potencial para se tornar uma terapia alternativa e eficaz ao tratamento da cirrose hepática. As células estaminais mesenquimais são as células mais estudadas, tanto experimental como clinicamente, e podem ser obtidas de muitos tecidos, incluindo medula óssea, sangue do cordão umbilical, tecido adiposo e placenta. O uso de células estaminais derivadas da medula óssea é muito limitado, pois o procedimento é invasivo e a qualidade destas células depende da idade do dador. Por outro lado, as células estaminais do sangue cordão umbilical são menos invasivas e representam um risco menor para o paciente.
Este presente estudo, teve como objetivo avaliar o impacto das células estaminais do sangue do cordão umbilical no tratamento a longo prazo de pacientes com cirrose hepática descompensada. Um total de 201 indivíduos participaram neste estudo. Destes indivíduos, 36 pacientes foram submetidos ao tratamento com células estaminais do cordão umbilical e 165 não. Todos os pacientes do estudo receberam tratamentos clínicos padrão.
As principais considerações obtidas com este estudo foram as taxas de sobrevida em 3 e 5 anos, sem existir um aumento dos riscos de incidência de Carcinoma Hepatocelular (subtipo do cancro do fígado, tumor mais frequente em adultos), nos 36 pacientes submetidos ao respetivo tratamento. De facto, estas considerações comprovam um bom efeito terapêutico à doença em estudo a curto prazo, sendo que as taxas de sobrevida a longo prazo nos indivíduos submetidos ao tratamento permaneceu incerta.
Cirrose Hepática
A cirrose é uma doença hepática crónica, que conduz à destruição do fígado, caracterizando-se pela ocorrência de fibrose (cicatrizes) e nódulos. Este órgão sofre uma alteração de estrutura, comprometendo a circulação e afetando a sua função. A cirrose progride lentamente e é causada por várias condições, incluindo, o consumo excessivo de álcool e infeção pelo vírus hepatite B e hepatite C.
Quando a cirrose hepática evolui para o estágio descompensado, o transplante de fígado é o único tratamento definitivo, sendo que o transplante é um procedimento limitado devido à escassez de dadores de fígado, ao alto custo e riscos de lesão cirúrgica e rejeição imunológica. De facto, é essencial o estudo e a descoberta de novos tratamentos para esta doença, sendo que a mesma é uma das principais causas de morbilidade e mortalidade em todo o mundo.