Durante séculos, o cordão umbilical foi visto apenas como um elo temporário entre mãe e bebé, destinado a ser descartado após o parto.
No entanto, a ciência moderna transformou essa visão. Hoje, sabemos que o sangue e tecido do cordão umbilical são fontes ricas de células estaminais hematopoéticas e mesenquimais, com ampla aplicação em transplantes e terapias regenerativas.
Estudos recentes revelam que o sangue do cordão umbilical apresenta vantagens biológicas e clínicas significativas em relação à medula óssea. As células estaminais do cordão possuem maior capacidade de proliferação e menor maturidade imunológica, o que reduz o risco de rejeição e doença do enxerto contra o hospedeiro.
De acordo com a literatura científica, os transplantes com sangue de cordão apresentam taxas de sobrevivência, particularmente em condições malignas, entre 60% e 70% em crianças e 55% a 65% em adultos, índices comparáveis aos alcançados com fontes tradicionais de células estaminais.
Além do campo hematológico, o potencial terapêutico do cordão umbilical estende-se a áreas como neurologia, cardiologia e endocrinologia.
Aliás, ensaios clínicos já demonstraram resultados promissores no tratamento de paralisia cerebral, diabetes tipo 1 e lesões cardíacas. A título de exemplo, um estudo destaca que a infusão de células derivadas do cordão pode favorecer a regeneração de tecidos neuronais e cardíacos por meio da liberação de fatores tróficos e vesículas extracelulares que atuam em vias de reparação celular.
A verdade é que todas estas descobertas indicam que o cordão umbilical, muito mais que um resíduo biológico, é um recurso biomédico estratégico, capaz de integrar-se à medicina de precisão e às terapias avançadas, como o uso combinado com células CAR-T e edição genética. Tais avanços apontam para um futuro em que as células do cordão possam ser usadas não apenas para substituir tecidos danificados, mas também para modular o sistema imunológico.
O Dia Mundial do Cordão Umbilical, celebrado a 15 de novembro, reforça a importância de todos os marcos relativos a estas descobertas científicas. Desta forma, este dia convida-nos a reconhecer que o cordão, além de símbolo do nascimento, representa também um marco na medicina moderna e uma esperança para o futuro dos tratamentos regenerativos.
Mais do que um elo entre mãe e filho, o cordão umbilical é hoje um recurso biológico de grande valor, que une natureza e tecnologia em prol da saúde humana.
Numa era marcada pelo avanço da biotecnologia, o cordão umbilical é a prova de que a natureza e a ciência podem caminhar juntas, unidas por um mesmo objetivo: a regeneração da vida.
Artigo escrito por Andreia Gomes, Diretora Técnica e de Investigação e Desenvolvimento e Inovação da BebéVida


