A empresa de biotecnologia Neurona Therapeutics desenvolveu um ensaio clínico para tratar crises epiléticas recorrentes utilizando células estaminais.
Esta teste consiste numa única injeção cerebral no ponto focal que causa os ataques. A dose contém uma alta concentração de neurónios cultivados em laboratório a partir de células estaminais embrionárias humanas. Os resultados iniciais do ensaio são promissores: um dos participantes sofria uma média de 32 convulsões por mês; um ano após o tratamento, estas desapareceram.
O progresso inicial, apresentado na reunião anual da Sociedade Internacional para a Investigação em Células Estaminais, em Boston, é considerado muito encorajador. Os dois primeiros pacientes com epilepsia que receberam a terapia experimental com células estaminais experienciaram uma redução quase completa das convulsões, mesmo um ano após o tratamento. Ambos os indivíduos estavam gravemente afetados pela epilepsia e os tratamentos farmacológicos não funcionavam.
A segurança, tolerância, viabilidade das células neurais, inflamação local (utilizando ressonância magnética cerebral) e efeitos sobre os sintomas da doença epilética serão avaliados por 2 anos após o transplante. Os indivíduos serão acompanhados por mais 13 anos com contato telefónico trimestral e visitas anuais.
As células estaminais embrionárias vêm de uma estrutura que se forma alguns dias após o óvulo ter sido fertilizado pelo espermatozóide. Essas células podem dar origem a todos os tipos de células no corpo. No caso deste ensaio, os neurónios foram projetados com a capacidade de inibir a atividade elétrica, uma vez que a epilepsia ocorre quando falha o equilíbrio no cérebro entre os neurónios excitatórios, que emitem sinais, e os neurónios inibitórios, que amortecem essa atividade.
Este tipo de terapia celular tem um potencial significativo como alternativa às intervenções cirúrgicas neste tipo de epilepsia e para aqueles que não respondem à medicação. E os avanços na medicina personalizada, como a investigação em células estaminais e terapia genética, oferecem muita esperança.