Artigo de opinião de Andreia Gomes – Diretora Técnica e de Investigação e Desenvolvimento e Inovação da BebéVida
O Dia Internacional da Criança com Cancro é assinalado a 15 de fevereiro. Esta data foi destacada pela Childhood Cancer International para apoiar e ajudar todas as crianças vítimas de cancro no acesso a melhores tratamentos e medicamentos.
Todos os dias, mais de mil crianças são diagnosticadas com cancro, o que representa uma mudança de vida drástica para as crianças e famílias de todo o mundo. De acordo com estimativas da International Agency for Research on Cancer (IARC – Agência da Organização Mundial da Saúde especializado em Cancro), em 2020, quase 280 mil crianças e adolescentes (de 0 a 19 anos) foram diagnosticados com cancro em todo o mundo e quase 110 mil crianças morreram de cancro. No entanto, os números reais podem ser muito maiores, uma vez que em muitos países o cancro infantil é difícil de diagnosticar. Na Europa, anualmente, são diagnosticados 13 mil novos casos em crianças até aos 19 anos, e em Portugal são diagnosticados, em média, 350 novos casos por ano.
Apesar da taxa de cura ser elevada, o cancro ainda é a principal causa de morte nas crianças após o primeiro ano de vida. O diagnóstico precoce é fundamental e, defendido pelos especialistas, uma vez que permite salvar 8 em cada 10 crianças.
Segundo o PIPOP (Portal de Informação Português de Oncologia Pediátrica), nas crianças, o cancro afeta principalmente as células sanguíneas, as células cerebrais e as células do sistema músculo-esquelético. Assim, os tipos de cancro mais frequentes nas crianças são a Leucemia, Tumores no Sistema Nervoso Central, Neuroblastomas e Linfomas. É também, comum na idade pediátrica o Tumor de Wilms (tumor renal), o Retinoblastoma (tumor do globo ocular), o Osteossarcoma (tumor ósseo) e os Sarcomas (tumores dos tecidos moles).
A quimioterapia, radioterapia, cirurgia e a imunoterapia englobam as principais formas de tratamento. A escolha do tipo de tratamento é avaliada caso a caso, tendo sempre em conta vários fatores decisivos como, por exemplo, o tipo, a localização, o tamanho do tumor, assim como a idade e o estado de saúde da criança.
Para além das formas de tratamento acima mencionadas, em muitos casos há a necessidade da realização de um transplante de células estaminais, do próprio doente ou de um dador compatível. Assim, estas são doenças para as quais os transplantes de células estaminais “formadoras de sangue” (transplantes de células estaminais hematopoiéticas) podem ser consideradas um tratamento standard. Para alguns casos, o transplante de células estaminais é a única terapia e, em outros, é usado apenas quando as terapias de primeira linha falharam ou a doença é muito agressiva.
As células estaminais hematopoiéticas podem ser obtidas de várias fontes como do sangue do cordão umbilical, medula óssea ou sangue periférico, sendo os dois primeiros as fontes mais ricas deste tipo de células.
O transplante de células estaminais hematopoéticas já é considerado como terapia standard em várias patologias como também em alguns cancros pediátricos mais frequentes como por exemplo: Leucemia, Linfoma, Meduloblastoma, Neuroblastoma e Retinoblastoma. Para além disso, vários ensaios clínicos estão, atualmente, a ser conduzidos em crianças que sofrem de malignidades hematológicas mielóides e linfóides como também, em crianças e adultos jovens com tumores sólidos recidivos ou refratários.
Ao optar por guardar o cordão umbilical, ganha-se uma possibilidade terapêutica, atualmente praticada no tratamento de várias patologias, nomeadamente o cancro pediátrico. Ao não guardar ou doar o cordão umbilical, podemos estar a desperdiçar este potencial agente terapêutico.