As terapias com recurso a células estaminais ganharam muita força no ano que passou, com mais de 100 ensaios clínicos ativos em todo o mundo. Estes estudos procuram explorar o potencial das células estaminais para tratar patologias como Cancro, Diabetes, Epilepsia ou Parkinson.
Esta última patologia é objeto de estudo em Cambridge, Massachusetts (Estados Unidos), onde está a ser estudada uma linha de investigação para tratamento da Doença de Parkinson com células estaminais. No estudo, os participantes receberam este tratamento e, após dois anos, demonstrou-se ser seguro e eficaz, especialmente naqueles pacientes que receberam as doses mais elevadas desta terapia.
No caso do Parkinson, as células estaminais parecem posicionar-se como uma terapia mais eficaz do que os medicamentos dopaminérgicos, que, segundo vários estudos, podem causar efeitos colaterais como movimentos descontrolados e comportamentos impulsivos, algo que, de momento, não foi demonstrado neste ensaio de Cambridge, realizado pela BlueRock Therapeutics.
Células estaminais reduzem crises epilépticas
A epilepsia é outra das doenças em que o tratamento com células estaminais está a ser estudado e que foi reiterado pela revista Nature no seu artigo “As células estaminais chegam à clínica: tratamentos para o cancro, a diabetes e a doença de Parkinson poderão chegar em breve”. O ensaio com células estaminais para tratar a epilepsia foi realizado pela empresa de biotecnologia Neurona Therapeutics, com sede em São Francisco, Califórnia (Estados Unidos). Nesta investigação, foram administradas células estaminais em dez pessoas diferentes, nas quais a patologia não poderia ser controlada com medicamentos.
Antes de iniciar o ensaio, os participantes tinham convulsões com uma frequência tão elevada que não conseguiam viver de forma independente. As coisas mudaram apenas um ano depois, quando a frequência desses ataques nos dois primeiros participantes caiu para quase zero, tendo permanecido desta forma por mais dois anos. Os restantes participantes com epilepsia, também reduziram drasticamente o número de convulsões. Estas melhorias foram obtidas sem quaisquer efeitos adversos, o que levou a Food and Drug Administration dos EUA, a conceder o estatuto de “via rápida” para acelerar a aprovação deste tratamento.
9 em cada 12 pessoas com diabetes conseguiram interromper a insulina
Um ensaio da empresa Vertex Pharmaceuticals com sede em Boston, Massachusetts (Estados Unidos), levou a cabo um tratamento experimental com células estaminais em pacientes com diabetes tipo 1, especificamente, em pacientes insulinodependentes.
As células estaminais foram infundidas no fígado e, segundo o farmacêutico, 9 dos 12 participantes que receberam a dose completa não precisaram de administração de insulina, os demais conseguiram reduzi-la significativamente.
Futuro
Como explica a revista Nature no seu artigo, esta grande onda de estudos surge depois de quase trinta anos de investigação, nos quais se testa agora a segurança e o potencial das células estaminais para regenerar tecidos.
Apesar disso, a publicação explica que ainda existem desafios importantes a serem resolvidos, como definir quais as células que são mais adequadas para cada finalidade. Nesse sentido, a Nature destacou que todos os investigadores esperam que as terapias com células estaminais cheguem em breve à prática clínica.